Faz algum tempo que me dediquei a comer o que tinha vontade sem me preocupar muito se esta atitude “pensada” teria como resultado uns quilinhos extras. O resultado não poderia ser outro.
A balança (até então relegada a segundo plano por falta de bateria) me mostrou que engordei.
Me desesperei? Esmurrei a parede? Saí como louca atacando a geladeira já que ganhei quilos extras e alguns mais não fariam diferença? Ene a ó til: NÃO! Simplesmente retomei minha caminhada rumo aos 68 kg.
Essa meta foi imposta por mim e não por outra pessoa. Me sinto bem como estou, porém quero muito pesar 68 kg. Mas não é uma neurose. É apenas um desejo para satisfazer meu ego. Para me sentir melhor.
Hoje posso entrar numa loja e escolher o que quero comprar porque as roupas me servem e ficam bem.
Então, chegar aos 68 kg é apenas um detalhe.
Daí que eu estava remexendo em velhos arquivos e encontrei essa entrevista com o professor, escritor e divulgador brasileiro de hatha ioga, José Hermógenes de Andrade Filho, mais conhecido como Prof. Hermógenes.
Creio que o que ele diz tem tudo a ver com essa neura de emagrecimento. Não estou com isso querendo me justificar diante dessa situação.
Quero apenas compartilhar minhas idéias e mostrar que, à vezes, corremos tanto em busca de um objetivo que nem é nosso de verdade, que simplesmente nos foi imposto.
O Professor Hermogenes disse que o ser humano está sofrendo de normose, a doença de ser normal.
Todo mundo quer se encaixar num padrão.
Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar.
O sujeito 'normal' é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido.
Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema.
Quem não se 'normaliza', quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo. A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento (compulsão, por exemplo)
A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?
Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado.
Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha 'presença' através de modelos de comportamento amplamente divulgados. Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo.
A normose não é brincadeira. Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa.
Você precisa de quantos pares de sapato?
Comparecer em quantas festas por mês?
Pesar quantos quilos até o verão chegar?
Freqüentar terapeuta para bater papo?
Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias.
Um pouco de auto-estima basta.
Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo.
Criaram o seu 'normal' e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante.
O normal de cada um tem que ser original.
Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros.
É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.
Eu me simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera.
Para mim são os verdadeiros normais, porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações.
Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo.
E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada.
Por isso divulgo o alerta: a "normose" está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.
Ser Feliz é ser você mesmo, sofrendo ou sorrindo, pois esta vida é passageira e o importante é ter emoções claras e definidas.
É isso ai...